18 setembro 2013

Descrita por um desconhecido.

"Você sabe que não deve fazer cócegas nela porque a machucam? Sabe a diferença dos seus sorrisos sarcásticos e felizes? Sabe que não deve opinar sobre sua família, nem falar mal dos seus antigos namorados? Só de mim, eu sei. Creio que você não tem ideia do que é dormir com ela. Dormir, não foder. Foder, também. Mas dormir. Dormir e acordar ao lado dela. A vida dela é torta. Não se esqueça disso. Ela sempre acorda com sono, mas, quase duas da madrugada, fica se remexendo na cama caçando o tal sono que perdeu pela manhã.
Pra ela, tudo tem nome de “coisa”. O controle remoto é uma “coisa”. A bolsa é uma “coisa”. O talher é uma “coisa”. Até o cachorro é uma “coisa”. Certa vez, ela disse mô-tô-sentindo-uma-coisa-estranha. Pra mim, era um mau pressentimento. Ou fome. Ou cólica. Sei lá. Era amor. Amor-coisado, ela disse.
Ela me amava, cara.
Ela é toda sinais. Corta o cabelo quando quer mudar de vida. Mais de cinco centímetros é porque ela quer revolucionar o mundo. Cuidado nesses momentos. As cores das unhas determinam sua libido. Quando põe batom, pensa em beijar. Brilhos nos lábios, também. Saiba disso, cara.
Mas ela, também, sabe fingir. Vai fingir não se importar, ser forte, ser sabida ou esperta. Vai fingir até que não precisa de você, mesmo quando ela estiver com trinta e nova de febre e batendo recordes de espirros por segundo. Não ligue. É porque ela não quer que você a encontre com o nariz todo vermelho, tossindo feio e com a garganta inflamada. Mesmo sem ela deixar, vá visita-la e cuide dela. Por mim e por você.
Ela fuma quando fica brava ou quando bebe. Bebe quando quer, sem ocasiões especiais.Vai parecer durona, vez em quando. Mas é menininha, vai por mim. Faça carinho na bochecha. Ela não irá resistir.
Ela não se importará em dividir a conta. Caso você proponha pagar tudo, ela não deixará, mas mesmo assim ficará feliz com a tua atitude. E com um tempo, ela irá pagar a conta, também. Muito provavelmente, em alguma quarta-feira qualquer, irá te ligar no meio do expediente só para te passar uma notícia boa e vai dizer que deseja comemorar no restaurante predileto dela: o japonês na esquina de sua casa. Vai se impressionar com um tanto que ela consegue comer por segundo. Ela gosta de molho teriaki e de sashimi. E não sei se já aprendeu a comer com hashi. Acho que não. Ofereça ajuda.
Ela é tão homem quanto todos os homens. Gosta de coxas, bunda, barriga e virilhas. Quando vai à praia, costuma reparar no volume das sungas alheias e comentar com amigas. Mas ela se apaixona mesmo é por bocas. Lábios, sorrisos, mordiscadas e palavras.
Quase sempre, apaixona-se por homens de humanas. Adora ouvir sobre psicologia, política, literatura e cultura pop. Mas não fale feito um tolo. Saiba ouvir, também. Caso você ainda não esteja apaixonado por ela, vai ficar encantado quando ela começar a falar suas poesias, Rimbaud, Manoel de Barros e sobre sua vontade de se entender. Ela vive num eterno questionamento sobre si. Faz besteiras e logo se arrepende. Mas acredita que todo erro existe para o aprendizado. Não a julgue por isso. Nem tente entendê-la.
Por fim, apenas entenda e aprenda que sem ela, você será como eu: um prisioneiro eterno das lembranças."
 Por Hugo Rodrigues.

11 agosto 2013

Tentando esconder.

O celular tocou. Mensagem dele.

- O que você tá fazendo? Tá em casa?

- Estou. To vendo tv.

- Então desce, to aqui embaixo.

Gabriela riu ao ler aquilo. Ele só podia estar de sacanagem. Não respondeu. Em menos de 1 minuto, outra mensagem.

- Anda, garota! 

- Tá falando sério? 

- Gabriela, te dou 5 minutos para você estar aqui na minha frente!

Ela, então, correu. Passou um batom e um perfume rapidamente e desceu. Chegando na portaria, não é que Eduardo estava ali?

- Mas... O que você...?

- Vim te ver! Era pra você ficar feliz né? - Riu e deu um beijo na bochecha dela, que logo corou.

- Mas porque? E se eu não tivesse em casa?

- A gente pode ir andando? To com fome, quero ir em algum lugar pra comer...

- Ah, ok!

Alguns passos e segundos de silêncio depois.

- Bem, respondendo a sua pergunta: vim porque queria te ver, já que minha noite ia ser conversando contigo pela internet mesmo.. E se você não tivesse em casa, eu pegaria um ônibus e voltava para a minha, oras.

Gabriela riu, sussurrou um ok e continuou caminhando. Mais algumas passadas em silencio, então, Eduardo parou e puxando-a pelo braço, devagar, fez com que ela parasse também. A fitou nos olhos, sem ainda pronunciar nada.

- O que houve? Você não tava com fome?

- Eu to, é só que.. .

Ele riu, nervoso, antes de conseguir completar a frase. Será que ela não percebia?

- É só que... Você quer me beijar e não tá mais aguentando.. Certo?

Ouvir Gabriela falar aquilo, fez com que Eduardo parasse de rir na hora. Ela não era tão boba assim, ele já tinha que imaginar. Olhou fundo em seus olhos, e agora era ele quem, talvez, estivesse corado. Mas, novamente, sorriu.

- Como você consegue ser tão imprevisível assim?

- Eu? Imprevisível? 

A menina sorriu. Foi chegando perto de Eduardo, colocou uma mão em seu rosto, e aproximando sua boca da dele, falou quase sussurrando: 

- Eu não sou imprevisível... Você que é lerdo demais!

E o beijou.

14 março 2013

One life to live!

Hoje faz uma semana que eu cheguei nos Estados Unidos! Uma semana que eu, finalmente, consegui realizar o meu sonho, após tantos anos lutando por ele! Sei que eu já falei isso um monte de vezes, mas volto a repetir: SE VOCÊ TEM UM SONHO, NÃO DESISTA DELE! Vá sempre em frente, de cabeça erguida, independente do que as pessoas lhe digam. Porque, olha, a quantidade de "coloca os pés nos chão, bruna" que eu ouvi, fica até impossível de contar.. Mas eu continuei sonhando, lutando e buscando conseguir, e cá estou eu, com um sorriso de canto a canto no rosto e vendo a neve cair pela janela! ♥ ✈

07 março 2013

Sobre 6 de março.

E o dia 6 de março chegou. Eu poderia dizer que eu acordei super animada, já pegando as malas e querendo correr para o aeroporto... Mas não foi bem assim. Primeiro, que eu iria passar o fim do meu último dia no Brasil com a minha mãe, meu pai, minha madrasta e meu irmão Rafael, porém fiquei presa na faculdade durante horas, por causa da chuva, e acabei chegando em casa quase na hora de dormir. Segundo que, bem, meu pai dormiu no mesmo quarto que eu, logo, eu não consegui dormir, já que ele fez o favor de roncar. Como sempre! Terceiro que quando eu acordei no dia 6 a minha ficha ainda não tinha caído. Sim, era o dia da minha tão sonhada viagem, e a única coisa que eu conseguia pensar era: será que eu vou conseguir passar de boa com o meu notebook pela imigração?

Finalmente chegou a hora de ir para o aeroporto. Aí que começou a correria! Amigos que ficaram de vir se despedir, e que não chegavam, até ai de boa, se levar em conta que o táxi também demorou. Opa, esquece, o táxi chegou! Até que eu tentei colocar as minhas malas no porta-malas e adivinha? Não cabia! É engraçado.. Agora, porque na hora não foi. Surtei! Pronto, é um sinal para eu não viajar! Vou ficar em casa! Mas não, logo meu pai resolveu o táxi, e na sorte, quem tinha que chegar pra me dar tchau, chegou. E ainda ganhei cartinha!


Fomos para o aeroporto. Eu, minha mãe e alguns amigos. Papai não foi, disse que tinha compromisso, mas sei que era desculpa de quem não tinha coragem de dar tchau para a filha caçula, que estava saindo de suas asas. E o meu irmão Rafael não foi, afinal, tinha que trabalhar para pagar a passagem que ele havia me dado de presente.


Já no Galeão, encontrei a minha cunhada e minha sobrinha, com quem eu iria vir para os Estados Unidos. Então, chegamos cedo. Bem cedo. E nesse tempo que eu teria que esperar, foi o tempo das ligações corridas de despedida, de ouvir alguns choros do outro lado da linha, e me sentir bem querida. Fora o carinho especial, de alguém que passou no aeroporto só pra me dar um super abraço. E, então, enrolei no aeroporto, bastante. Tirei foto, comi, ajeitei a mala, fiquei fazendo bagunça com os amigos. O tempo era enorme. Parecia que eu tinha todo o tempo do mundo. E nada da hora passar, até que... Descobrimos (eu e minha cunhada), que já estavamos atrasadas para o embarque. Corremos, quase que, literalmente, para entrar, e não tive chance de me despedir direito. Teve beijo corrido, tchau pela metade, e abraços que não queriam me deixar isso. Abraços que, talvez, eu quisesse ficar. Talvez. Mas não fiquei. Peguei minhas malas, e com o maior sorriso do rosto, de quem ainda não acreditava que aquilo estava mesmo para acontecer, acenei e sai correndo, enquanto vi alguns dos meus amores sumindo de vista ali no aeroporto.

A ficha? A ficha só caiu quando eu já estava no meio das nuvens, com algumas cartinhas em mãos, e algumas lágrimas nos olhos.. Lágrimas que caiam e chegavam em minha boca, mas que não conseguiram nem um pouco, tirar o gosto doce do maior sorriso do mundo. Sorriso de uma menina de 20 anos, que dentro de 9 horas estaria chegando em outro continente. Mas no mesmo sonho. No sonho real.