31 agosto 2010

Devolva meu travesseiro.

Acordar para ir ao colégio, às seis horas da manhã, era um sufoco, mas então você veio. A verdade é que não veio, mas sim, voltou. Para mim? Acho que não, puro desejo meu. Só sei que agora despertar cedo para estudar ganhou certa graça. O dia ganhou vida. Meu coração ganhou um ritmo de samba, mas daqueles sambas de carnaval bem altos e cheio de batuque. Tun tun tun tun tun. E assim vai, a manhã inteira. Às vezes tenho a sorte de já te encontrar na entrada. Às vezes não. Mas quando o encontro, meu coração se acalma, já fica feliz, meio que completo. Nunca totalmente. Não sei se isso é bom, porque depois a vontade de te ver no intervalo só aumenta, e o estômago começa a revirar, como se reclamasse, por não aguentar mais ouvir o meu coração gritar seu nome. Toca o sinal, e eu salto da cadeira, assim como o meu coração quase salta pela boca. Saio correndo como quem não quer nada. Entro na fila da cantina para disfarçar e te procuro. Não sei por que o faço, já que você sempre está naquele mesmo lugar. Esperando por mim? Talvez. E lá vou eu, falo com algumas pessoas, mando beijos, sorrisos, e corro ao seu encontro. Corro para os seus braços. E foi indo assim, durante algumas semanas. Intervalo, eu, você, conversas, risadas, abraços. Até que um dia não teve mais o abraço no final. Depois o silêncio foi tomando o espaço das conversas. Mais tarde as risadas foram perdendo o sentido. Foi então que chegou o dia em que nem você estava mais ali. Não mais para mim. Nesse dia, me perdi e desejei com todas as minhas forças não ter saído da cama.

28 agosto 2010

Sobre vinte e sete de agosto.

Há 29 anos e 1 dia atrás, meu irmão nasceu. Há 25 anos e 1 dia atrás, minha prima nasceu. Há 20 anos e 1 dia atrás, minha amiga nasceu. Há 10 anos e 1 dia atrás, minha outra prima nasceu. Há 5 anos e 1 dia atrás, eu terminava o namoro com o meu primeiro amor. Há alguns anos e 1 dia atrás muita pessoas nasceram, outras morreram, assim como amores e sonhos. Acho engraçado como tanta coisa pode acontecer ao mesmo tempo. Mas não é sobre isso esse post, e sim, sobre o nascimento deste blog. Porque:

E Nasceu O Era Uma Vez há 2 anos e 1 dia atrás.

Nem acredito que já são 2 anos! Por mais que seja cliche, eu tenho que dizer... Como o tempo passa rápido. Tanta coisa que vivi, tanta coisa que eu sonhei, tantos amores, sonhos, pensamentos, histórias, enfim, tanta tanta tanta coisa que veio parar aqui. Obrigada pela companhia de vocês durante esses 2 anos! E espero poder encontrar com vocês daqui há 364 dias, para comemorar o aniversário do meu melhor amigo, do meu confidente, do meu blog, novamente.

23 agosto 2010

Minha melhor amiga.

Há uma garota que eu sempre encontro e que me lança um olhar que invadi a minha alma. Parece que ela me conhece tanto, e são raras as vezes que lembro de ter a visto. Ela é linda. Parece uma boneca de porcelana, que pode se quebrar a qualquer momento, mas pelo o seu olhar eu sei que é pura aparência, porque ela é uma mulher forte. Essa garota quando esbarra comigo, sorri e sempre diz que tudo vai ficar bem, quando eu estou mal; e fico me perguntando como ela sabe o que eu sinto, se nunca lhe falo. E quando estou alegre, ela apenas ri e me abraça. Nunca lhe sedi intimidade para isso, mas, por mais que certos abraços me incomodem, o dela me faz bem. Ela me faz bem. Mesmo quando ela tenta me ajudar, dando conselhos, mostrando o caminho certo e eu me negando a escutar, ela continua ali, firme, esperando o momento em que eu largarei de ser cabeça dura. A verdade é que eu não sabia quem era essa garota, porém a tinha como minha melhor amiga. Nunca perguntei o seu nome ou aonde residia, até que um dia eu esbarrei com ela na minha casa, quando me olhei no espelho. Eu, assustada, sorri e ela retribuiu o mesmo sorriso carinhoso. Foi quando eu percebi quem eu era de verdade.

16 agosto 2010

Perdida no tempo.

Ela não sabia direito como havia chegado ali; não lembrava que caminho tinha percorrido até o topo daquela montanha. Ficou meio atordoada no começo, queria descer, pois seu medo de altura era enorme, porém, assim que olhou para baixo e viu que dava para ver por cima das nuvens, ela se rendeu. Como aquela vista era bonita! As casinhas, as árvores, os carros, tudo ficava tão pequeno dali de cima. O Sol, porém, parecia estar bem a sua frente, mas a luz não a incomodava e muito menos o calor. Ela se perdeu em pensamentos, admirando aquilo tudo. Só percebeu que já estava escurecendo, quando o Sol estava indo embora e a Lua se pondo em seu lugar. Nossa, como a Lua estava perto! Não se lembrava da última vez em que a havia visto tão grande e branca, e tão... perto. Parecia que a podia tocar, e foi o que ela tentou fazer; em um lapso esticou as mãos em direção à lua tentando segurá-la. Esticou-se tanto que acabou caindo, pelo menos foi o que deveria ter acontecido, já que ela estava no alto de uma montanha e tinha acabado de se inclinar totalmente para frente. Mas, não, ela permanecia na mesma altura. Ela estava voando. O que era aquilo tudo? Somente quando finalmente encostou na Lua que se lembrou do dia anterior. O acidente. O hospital. Seu coração parando de bater. Ela havia morrido. Seu destino agora era ser um anjo. Um lindo anjo.

21 julho 2010

A: Quem é você?

B: Como assim, quem sou eu? Você me conhece...
A: Tem certeza? Não estou lembrada.
B: Claro que tenho. Sou eu, o amor.
A: Ah, então é por isso que me falhou a memória. Passei meses tentando te esquecer, e acho que consegui.
B: Me esquecer, porque?
A: Porque você não me faz bem.
B: Mas ninguém vive sem mim.
A: Oras, não seja pretensioso. Quem faria questão de te ter na vida? Você causa noites mal dormidas, lágrimas, falta de apetite, saudade.. resumindo: dores.
B: Compreendo o seu pensamento, mas não sou apenas isso.
A: Claro que é, eu senti na pele! Agora, xô, saía daqui.
B: Tem certeza que me quer longe? Você não faz questão de sentir borboletas no estômago, ter vontade de sorrir o tempo todo, sonhar acordada, cantarolar músicas, se sentir completar... resumindo: ser feliz?!
A: Ser feliz?! Isso, é claro que, eu gostaria.
B: Então...
A: Mas eu não sei quem faz isso... Espera, é você?
B: Sim! Não lhe garanto isso todo o tempo, mas, vale a pena às vezes em que as dores ocupam o lugar da felicidade, pois depois ela volta.
A: Ah...
B: Me aceita na sua vida novamente?
A: Sim! E você pode ficar pra sempre?
B: Isso não sou bem eu que o digo... Mas, afinal, a senhorita não se apresentou...
A: Eu? Sou apenas alguém que está descobrindo o que é o amor.

19 julho 2010

My dirty little secret.

Eu tenho um pequeno segredo. Talvez com uma irrelevante diferença do que seja pequeno para mim e para você. Nunca fiz questão de compartilhar-lo. Quando se compartilha um segredo, ele o deixa de ser? Enfim, não sei, e também não faço questão da explicação. Apenas sei que hoje o esconderijo onde estava o meu suave segredo não aguentou a pressão e explodiu, abrindo assim as portas para o mundo. As portas da minha boca, que foi por onde a voz escapou e fez as palavras saltarem. Ou seriam meus dedos os culpados dessa confusão? Estou cheia de dúvidas, não? Mas, eu fui lá e contei. Sem querer, ou não. A verdade é que eu gritei, pois não aguentava mais. Aposto que a curiosidade já lhes deve estar matando. Aquela história de que a curiosidade matou o gato é mentira. Matou também o cachorro, o rato, passarinho, o homem, a mulher... Eu sou uma mulher. Uma menina mulher, que virá a ser uma mulher menina, se todos esses sonhos que eu tenho me permitir, e cheia de segredos. Era sobre o meu pequeno segredo que eu ia falar, não, é? Pois, meu bem, esse segredo já não lhe convém. Zip.

"Diga-me tudo o que você jogou fora. Ache jogos que você não queira jogar. Você é o único que precisa saber. (...) Eu lhe contarei meu pequeno segredo sujo. Não conte a ninguém ou você será só outro arrependido. Espero que você possa guardá-lo."

08 julho 2010

A amarelinha que ficou escondida.

É engraçado como a gente cresce, e não percebe, ou até se perde. Há pouco tempo (pelo menos é o que parece...) brincávamos de boneca; assistíamos desenho animado; queríamos ganhar tudo o que desejávamos, e na hora em que a gente mandava. Jogávamos queimado e pique bandeira; saíamos acompanhados dos pais sem nos importar, fosse para o cinema ou para o parque de diversão; enchíamos a pança de chocolate, batata-frita, refrigerante e nem aí para o nosso peso e não nos preocupávamos em passar no colégio, já que o que queríamos mesmo era aprender. Só que hoje não é assim. As coisas mudam, a gente muda, tudo muda. As bonecas foram substituídas pelos beijos na boca, e algumas meninas ganharam até a sua boneca real; vemos Big Brother Brasil e outras coisas super produtivas na televisão (conhece a palavra ‘irônia?), em vez de pegar um livro e ler; economizamos (ou pelo menos tentamos), pois sabemos como a situação está difícil. Não se pode mais ficar na rua, pois é perigoso e ninguém mais quer sair de casa pra se divertir, porque acha mais legal ficar em enfurnado na frente do computador. Sair com os pais, nem pensar, preferimos não sair a ter que levar os nossos 'velhos' com a gente; comer então, nem se fala, qualquer coisinha só é ingerida após conferida a sua quantidade de caloria e passar no colégio agora é a coisa mais sofrida do mundo, porque preferimos não fazer nada, do que "perder" o nosso tempo estudando... E a maior mudança (e preocupação) de todas: o ano do vestibular. Mas sobre isso eu falo em algum outro post, é um assunto maior, ao qual quero me aprofundar.